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Caiu na rede, é peixe

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Um provérbio português muito antigo diz que "se caiu na rede, é peixe", no sentido de que se está pescando, aproveita tudo que vier na rede.

Com o crescimento das chamadas redes sociais, ganha atualidade o velho provérbio. As redes sociais deram oportunidade para qualquer um, com o sem conhecimento de causa, lançar sua opinião ou divulgar fato verídico ou não. Uma vez lançada na rede, verdade, mentira ou mesmo absurdo, sempre haverá alguém (ou robôs) para replicarem sem maior preocupação com a procedência ou credibilidade daquilo que foi postado.

Como sabido, as postagens que cada um de nós tem acesso das redes sociais são selecionadas por algoritmos que priorizam aquelas que se adequam ao perfil de cada um, levando em conta vários comportamentos que são monitorados sempre que se usa a internet, seja para ler notícias, pesquisar preços, fazer compras, visitar lugares. Assim, de acordo com o gosto do freguês, é feito o abastecimento de postagens. Até aí, nenhuma novidade.

A indagação é, por que a facilidade de curtir e/ou compartilhar postagens sem qualquer preocupação com a veracidade ou ofensividade da mensagem?

O Jornal Extra Classe, editado pelo Sinpro/RS, em dezembro do ano findo, traz uma entrevista com Mariana Barbosa, autora do livro Pós-Verdade e Fake News - Reflexões Sobre a Guerra de Narrativas, em que ela aborda esta questão. Segundo a entrevistada, "as fake news se propagam rapidamente porque o ser humano é movido pelas emoções. As pessoas se engajam em repassar mensagens não pela sua veracidade, mas porque elas reforçam valores e convicções de seus grupos de afinidade".

É esta afinidade na forma de pensar e a repetição das mensagens que termina por gerar uma espécie de familiaridade no grupo e, com isto, uma naturalização e aceitação de qualquer coisa que venha ao encontro de suas posições políticas, religiosas, futebolísticas, etc. O replicar qualquer coisa que caia na rede, só porque conforta uma posição pessoal serve também para que, quem faz isto, se sinta aceito pelo grupo.

Na pescaria: caiu na rede, é peixe. Na internet: caiu na rede, é notícia.

Como este é um fenômeno relativamente novo, será preciso aprender a lidar com ele para não sermos soterrados pelo lixo lançado como se fora fato verdadeiro. A informática já começa a integrar os currículos escolares e deve também ensinar como navegar nas redes com capacidade de saber escolher conteúdos de procedência confiável.

Isto não se refere somente as postagens mentirosas, ofensivas, de mau gosto, mas às possibilidades de crianças (que desde muito cedo começam a dominar o manejo de smartphones e tablets) tenham acesso a sítios impróprios, que maliciosamente conseguem se fazer acessíveis. Os smartphones são as babás modernas e exigem vigilância sobre o que ensinam às crianças.

Há muito a aprender.

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